É o que mostra estudo inédito do setor, apresentado durante a Waste Expo 2024. Os aparistas de papel, responsáveis mensalmente pela reciclagem de milhares de toneladas de material recolhido das ruas pelos catadores e entregue também pelo comércio varejista, atacadistas e indústria, sofreram, no ano passado, com baixos preços, desestímulo à coleta e forte presença de atravessadores.
Essa é uma das conclusões de estudo da consultoria MaxiQuim, apresentado no dia 23 de outubro pela Associação Nacional dos Aparistas de Papel (Anap).
Diante dessa situação, mostra o levantamento, a geração de aparas apresentou uma redução de 7,7%, o faturamento das empresas caiu 23,4% e a produção de papéis 1,8%, sempre em relação a 2022, conforme o levantamento da MaxiQuim. O estudo da consultoria traz uma análise detalhada e inédita do setor de aparas de papel, mostrando não apenas produção, preços e demanda da indústria de celulose, mas também nível de emprego, participação dos vários setores que recolhem o insumo e importação e exportação, entre outros dados.
Segundo o vice-presidente da Anap, João Carlos Sanfins, houve queda de preços no ano passado e aumento na mão de obra e demais custos do setor, como diesel e valor dos caminhões. “Neste ano de 2024, ocorreu pequena recuperação nos preços das aparas, mas ainda abaixo dos valores, por exemplo, de 2021. Na produção, está maior que o ano passado, mas ainda muito distante de 2021 e 2022”, diz Sanfins.
Ele lembra que a elevação dos custos “torna mais caro o valor do quilo do gerenciamento do resíduo, de seu manejo e da logística, e quase anulação da margem do setor”. Além disso, o baixo preço da celulose no mercado internacional e nacional, constatado no estudo, tornou a apara menos competitiva frente a matéria-prima virgem. “Houve opção dos fabricantes pela utilização do material virgem”, diz o vice-presidente da Anap. “Somente o decreto de estímulo a compra de aparas pela indústria (promessa antiga do governo) pode trazer um alívio ao segmento.”