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O vigor da Leitura

Por Tânia Galluzzi

A maior rede de livrarias do Brasil intensifica crescimento e deve encerrar 2021 com 17 novas unidades.

O segundo semestre começou positivo para o mercado livreiro. De acordo com o 8º Painel do Varejo de Livros no Brasil, estudo realizado pela Nielsen BookScan e divulgado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros, SNEL, o comparativo entre o 8º período de 2021 e 2020 mostra um crescimento de 19,7% em volume e 26,1% em valor. Em números absolutos, foram 3,77 milhões de exemplares vendidos, com uma receita de R$ 157,15 milhões, contra 3,15 milhões de exemplares e R$ 124,58 milhões faturados na mesma época no ano passado.

A análise realizada pela GFK, em parceria com a Associação Nacional de Livrarias, ANL, também mostra um cenário favorável em relação ao varejo do livro. Os resultados mais recentes apontam que o volume cresceu 43% na comparação entre junho de 2021 e o mesmo mês do ano passado, enquanto o faturamento das livrarias aumentou 33%.

É preciso lembrar que a base de comparação é fraca e que o setor enfrenta dificuldades há décadas. A série histórica de uma outra pesquisa, igualmente patrocinada pelo SNEL, em parceria com a CBL, a Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, apontou uma queda de 30% no faturamento total das editoras entre 2006 e 2020.

Na contramão da crise, novas livrarias e editoras têm surgido, assim como redes já consolidadas seguem alargando sua cobertura geográfica. É o caso da Livraria Leitura, que terminará o ano comemorando a abertura de 17 lojas.

A Leitura é hoje a maior rede de livrarias com unidades físicas do país, com 84 pontos espalhados por 21 Estados. Em maio, a livraria, nascida em Belo Horizonte, em 1967, inaugurou a 17ª loja da rede no Estado de São Paulo, a 7ª na capital. Até o final do ano serão mais quatro na Bahia, uma no Recife, mais duas em São Paulo e uma nova loja em Fortaleza. A rede somará então 94 unidades: 86 operando dentro de shoppings, cinco em aeroportos/rodoviárias e três lojas de rua.

A abertura de filiais começou na década de 1980. A partir dos anos de 1990, a estratégia passou a ser uma nova unidade por ano. Em 2000, a rede rompeu as divisas de Minas Gerais abrindo uma loja em Brasília.

Mas se as metas seguem ambiciosas diante de um país que nos últimos quatro anos perdeu 4,6 milhões de leitores, os pés estão fincados no chão, como conta Marcus Telles, presidente da Leitura. “Em 2015, 2016 elaboramos um plano de ajuste para melhorar nossos resultados, mantendo a abertura de lojas, porém fechando as de baixa performance. Investimos em ganhos de eficiência, treinamento de equipes e conseguimos reduzir o número de funcionários.” Nos três anos seguintes, a Leitura manteve o ritmo de crescimento, inaugurando em média seis unidades por ano, e o critério de encerramento das não lucrativas. “Se o resultado não é bom no primeiro ano, identificamos os problemas e procuramos corrigi-los. Caso a situação não se reverta, a loja é fechada”, conta Marcus.

A rede chegou a 2020 sem dívidas, pronta para aproveitar as oportunidades surgidas com os problemas enfrentados pela Saraiva e Cultura, e os irmãos Telles, detentores da Leitura, resolveram acelerar o passo, instalando 12 novos pontos e fechando dois. A marcha não diminuiu neste ano, com 17 lojas abertas e três encerradas.

Marcus Telles credita o sucesso da Leitura a alguns fatores, sendo o primeiro deles a atratividade: layouts acolhedores e grande variedade de produtos. O livro continua como protagonista, respondendo por 60% da receita. O segundo quesito é a promoção de eventos. Antes da pandemia, a rede organizava mais de dois mil encontros por ano, entre lançamentos de livros, rodas de leitura, pocket shows e até espaços para jogos de tabuleiro. O investimento nas mídias sociais é também fator decisivo, bem como anúncios em rádio e TV nas cidades com maior número de unidades.

A gestão segue o modelo de sócios-gerentes. Empresa familiar, a Leitura é administrada por seis dos 12 irmãos Telles. Funcionários que se destacam são convidados a serem sócios das unidades em que atuam, com participação que varia entre 10 e 49%. “Contando com eles, hoje somos 50 sócios”, diz Marcus. As principais vantagens do sistema são, segundo o livreiro, a troca de experiências e a adequação da oferta de produtos às peculiaridades regionais.

E o plano é continuar crescendo, abrindo lojas em cidades acima de 300 mil habitantes.

Texto originalmente publicado na Revista Abigraf 309, julho/agosto 2021

 

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