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Theobaldo De Nigris comemora 50 anos com demanda em alta

A Escola Senai Theobaldo De Nigris, principal organismo de formação na área gráfica do País, chega às bodas de ouro renovada e batendo recorde de alunos inscritos. Vários projetos estão em curso, como a flexibilização das unidades móveis e a criação de um curso pós-técnico em impressão digital.

 A pandemia teve um efeito inesperado nos resultados da Escola Senai Theobaldo De Nigris. A despeito de todos os problemas causados pela doença, a instituição, fundada em 1971 na capital paulista, registrou mais de sete mil matrículas neste ano, entre treinamentos de curta duração e cursos de longa permanência, bem acima das 6.300 projetadas para 2021.

O confinamento imposto pela Covid-19 responde em parte por tal resultado, como afirma Élcio de Sousa, diretor da Theobaldo De Nigris e da Escola José Ephim Mindlin, em Barueri. Ele comenta que várias empresas aproveitaram o período de baixa para requalificar suas equipes, seja para torná-las mais produtivas ou para que conseguissem absorver outras funções em razão do enxugamento dos quadros. Os próprios profissionais também tomaram a iniciativa de procurar a escola em busca de conteúdos capazes de alavancar suas carreiras.

A adequação da escola ao ensino mediado por telas foi igualmente decisiva. Com a experiência do primeiro ano da pandemia, a grade de cursos de ensino remoto e EAD pôde ser ampliada. Por ensino remoto o Senai entende a transmissão de conteúdo através de aulas remotas, porém ao vivo, realizadas em datas específicas. No Ensino à Distância, o aluno adquire um pacote, com aulas que podem ser acessadas na hora e no ritmo que ele desejar. “Já vínhamos trabalhando com esses formatos e a Covid acabou com qualquer tipo de preconceito em relação a isso”, diz Élcio. “As empresas passaram a encarar o ensino à distância como uma importante ferramenta e, com a retomada, algumas têm adotado a versão híbrida: a parte teórica é ministrada remotamente e a prática é feita in company”, completa o diretor.

Uma outra tendência se acentuou no último ano: a mudança no perfil dos que frequentam a Theobaldo De Nigris. Antes procurada principalmente por jovens em busca de formação técnica, agora cerca de 40% dos que ingressam na escola já têm ensino superior completo e idade entre 20 e 30 anos. Além da alta empregabilidade, a demanda do mercado mudou. Para se ter uma ideia, no final de outubro, quando a entrevista para esta matéria foi feita, havia gráficas esperando por profissionais egressos da Theobaldo De Nigris, vagas que a escola só conseguirá suprir em janeiro. “Não basta ter um técnico em cargo de chefia. A gráfica quer funcionários altamente qualificados em todas as funções”, afirma o diretor. Na última turma do curso Técnico em Processos Gráficos foram oferecidas 40 vagas e, para o período noturno, a concorrência foi de 5,7 candidatos por vaga. “Não esperávamos todo esse volume”, revela Élcio, que estudou na Theobaldo de 1981 a 1983 e começou a trabalhar na instituição como instrutor cinco anos depois.

Onde o povo está – A aceitação do ensino remoto pela indústria foi um avanço, porém nem tudo funciona em EAD, afirma o diretor. Um dos planos é a montagem de uma segunda escola móvel, levando o ensino técnico às regiões nas quais é demandado. Afora a unidade de Celulose e Papel, hoje em Araguari, Minas Gerais, preparando a mão de obra para a nova fábrica de celulose que está sendo construída lá, a Theobaldo De Nigris estruturará uma escola móvel focada em processos. O objetivo é que seja uma estrutura versátil, que transitará pelas tecnologias a partir das necessidades de mercado de cada região. “Podemos ter primeiro comunicação visual e depois flexografia ou pré-impressão. A Theobaldo De Nigris tem de chegar aonde o treinamento é necessário”, diz Élcio.

Nesse ponto, o fato de as três escolas gráficas de São Paulo —Theobaldo De Nigris, na capital paulista, João Martins Coube, em Bauru, e José Ephim Mindlin, em Barueri — terem sido integradas em 2017, formando o Núcleo Gráfico São Paulo, torna a adequação dos treinamentos ainda mais ágil. Atualmente, a Theobaldo De Nigris tem prioridade no atendimento de cursos dentro das empresas e Barueri no ensino presencial.

Na esteira do novo perfil de público, a Theobaldo De Nigris assistiu à mudança de interesses. “Ficamos surpresos com a queda na procura pelo offset. Em contrapartida, cresceu o interesse por cursos nas áreas de pré-impressão, flexografia e acabamento”, comenta o diretor. Da mesma forma, a escola deve intensificar a oferta no âmbito da gestão do negócio, com temas como liderança e formação de custos, lançando mão de docentes da Faculdade de Tecnologia Senai Theobaldo De Nigris. A oferta na pós-graduação vai igualmente crescer. O espaço antes ocupado pela ABTG dentro da Theobaldo De Nigris está sendo reformado para abrigar o curso superior e a pós-graduação, assim como o Museu de Artes Gráficas, em parceria com a Oficina Tipográfica São Paulo.

Por falar em obra, quem frequenta a escola sabe que as instalações estiveram em reforma por 10 longos anos, entre 2008 e 2018, visando a modernização e adequação do prédio, cujo bloco mais antigo data do início dos anos 1960. Nesse embalo, a diretoria planeja a montagem de uma usina de energia solar, aproveitando o extenso telhado para a instalação dos painéis, projeto articulado em parceria com o Senai Energias Renováveis, escola que acaba de abrir as portas no bairro do Cambuci.

Outra ação para 2022 diz respeito ao curso de Comunicação Visual, oferecido pela Theobaldo De Nigris há três anos. Seguindo nova orientação do Ministério da Educação, a disciplina adotara a nomenclatura Design Gráfico. “Teremos a parte de design, dos softwares, mas manteremos a ênfase na produção”, comenta Élcio. Deve sair do papel também o curso pós-técnico em impressão digital. A modalidade já existe no MEC e só não foi implantada por conta da pandemia. Para tanto está sendo montado um grupo de trabalho com representantes do mercado e de entidades do setor, que trabalhará junto com o comitê técnico do Senai na formatação desse e de outros cursos, com temas transversais como economia circular. “Cada vez mais as empresas buscam profissionais multifuncionais, capazes de analisar os problemas do dia a dia de forma ampla e é nesse sentido que caminhamos”, finaliza Élcio de Sousa.

 

Matrículas ativas (2021)

Aprendizagem Industrial: 151

Cursos Técnicos:  625

Curso Superior:  58

Pós-graduação: 222

Formação Inicial e Continuada: 5.955

Total: 7.011

 

Projeção para 2022:

Aprendizagem Industrial: 161

Cursos Técnicos:  700

Curso Superior:  50

Pós-graduação: 150

Formação Inicial e Continuada: 6.039

Total: 7.100

 

Quadro de pessoal em 2021

Administrativo: 26

Docentes (efetivos + terceiros): 51

Serviços terceirizados: 25

Por Tânia Galluzzi, artigo Publicado originalmente na Revista Abigraf em 17.11.2021

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